As luzes da cidade acendem-se, a neblina desce e o Sol, esse já foi dormir...
As pessoas recolhem, deixam de se ouvir os passos, de quem corre apressado, para nada ou ninguém, os carros encostam nas bermas, e os seus donos apenas, têm tempo para mais um café... antes do dia se fazer noite e trazer com ela, gritos soltos do silêncio que é viver assim.
Mais um dia, mais um Sol, mais uma noite e mais uma Lua e a vida não anda, parou na esquina, onde te vi a última vez, disseste adeus e eu não respondi...
Todas as manhãs da janela do 3º piso, oiço o riso das crianças na rua, que brincam, saltitam e nem imaginam que um dia a vida pára, simplesmente estagna e tudo ao redor de nós, passa, sem que se dê conta ... da janela do 3º piso, vejo o mar, que uns dias brinca roçando-se na areia, outros revolta-se e bate-se contra ela, terá as suas razões, e grita, gritos soltos, profundos e sentidos, que fazem lembrar os que oiço vindos de dentro de mim cada vez que penso em ti.
Naquela esquina, soltam-se gritos de desespero, de uma vontade não concretizada, de nada ... são gritos, gritos apenas que só eu oiço quando olho para dentro de mim e te vejo dizer adeus!
Ana Cardoso